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Número de poupanças com mais de R$ 50 mil cresce 9%
Poupadores aproveitaram primeiro semestre para lucrar antes da cobrança do IR
01/01/1970 00:00:00
Enquanto o governo discutia formas de cobrar Imposto de Renda (IR) sobre os ganhos na caderneta de poupança, a quantidade de pessoas com mais de R$ 50 mil em depósitos cresceu 9%. Esses aplicadores são justamente o alvo da equipe econômica, que pretende que eles paguem 22,5% sobre o rendimento obtido a partir de janeiro do ano que vem.
O comportamento do primeiro semestre deste ano reforçou uma tendência que vinha sendo verificada nos últimos dois anos, apesar da sequência de alterações promovidas pelo governo nas regras da correção da poupança. Desde 2007, o total de clientes com mais de R$ 50 mil subiu 50%, segundo dados do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Até pessoas com perfil pouco comum para uma aplicação voltada a pequenos poupadores -por exemplo, clientes com mais de R$ 1 milhão disponível para investir- aumentaram a participação na caderneta em 15,4% em seis meses. Considerando os últimos dois anos, o número de "milionários" da poupança aumentou de 2.946 para 4.410 pessoas.
Neste ano, com o anúncio de que a poupança poderá ser tributada a partir de 2010, esses poupadores -que são minoria no universo de 90,8 milhões de contas- aproveitaram para obter ganhos maiores antes da cobrança do imposto.
Na outra ponta, o número de pequenos aplicadores (com menos de R$ 50 mil aplicados) ficou praticamente estável. Isso depois de crescer 17,5% em dois anos.
As contas com depósitos entre R$ 100 e R$ 15 mil concentram a maior fuga de dinheiro da poupança no período.
"A partir de agora, a situação deverá se inverter. O grande poupador quer rentabilidade. Ele irá avaliar se, com a tributação e o volume de recursos que tem disponível, será possível ganhar mais na poupança ou num fundo de investimento", avalia Sérgio Darcy, ex-diretor de Normas do Banco Central.
No entanto, diz ele, dificilmente a poupança viverá uma fuga de recursos em massa. "A cultura da poupança está arraigada na população brasileira. Muita gente ainda tem medo ou não quer aprender sobre o funcionamento da indústria de fundos ou outras aplicações. A caderneta é mais simples."
Para valores pequenos
O especialista em finanças pessoais Fábio Colombo diz que não há vantagem hoje para que pessoas com essa quantidade de recursos deixem o dinheiro na poupança. Isso porque a caderneta só perde para os fundos de investimento em rentabilidade nos casos em que a taxa de administração é alta, acima de 2%, por exemplo.
"A poupança é um instrumento mais adequado para quem tem pequenos valores. As pessoas com mais dinheiro têm condições de aplicar em um fundo de investimento com taxa de administração menor."
Para o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, um dos autores da proposta do governo, as pessoas terão bastante tempo para avaliar a situação e decidir, já que a cobrança do imposto só começa a valer em 2010. "Essa é uma decisão privada. A poupança tem se tornado competitiva, mas há também o processo de recuperação da economia. Grande parte dessa captação positiva é porque a economia voltou a crescer e a renda aumentou."
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