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Selic mais alta não garante retorno melhor
Rentabilidade de CDB depende de cada banco; mesmo que Selic suba em 2010, taxa final do produto pode não crescer
01/01/1970 00:00:00
FABRICIO VIEIRA
A expectativa de elevação da taxa básica Selic em 2010 não deve alterar muito o perfil do mercado de CDBs. Mesmo que a Selic alcance 10,5% até o fim do próximo ano, como prevê a maioria do mercado, a categoria não deve ampliar muito o retorno oferecido ao aplicador.
A taxa dos CDBs é calculada como percentual do CDI -juro de operações feitas entre os bancos. Quando o cliente pergunta qual a taxa que vai receber pelo produto, vai ouvir do gerente do banco que aquele CDB paga 80%, 90% (ou outro percentual) do CDI. Quanto mais alto o percentual, mais elevada a taxa final que o cliente irá receber.
No ano passado, em meio à crise, houve bancos que pagaram mais de 100% do CDI aos clientes que comprassem seu CDB. O mais comum hoje é ver os bancos oferecendo algo mais próximo dos 85% do CDI. Ou seja, os bancos têm bastante liberdade para lidar com o retorno dos CDBs. Dessa forma, se não estiverem interessados em ofertar muito esse produto, diminuem o quanto acharem conveniente o percentual do CDI que pagam ao cliente.
"O mercado voltou a certa normalidade e o que vemos agora é um ritmo mais próximo do que vivíamos em 2007. O pequeno e médio investidor vai ter cada vez mais dificuldades de conseguir elevados retornos no CDB. Não vejo mais grandes oportunidades para serem aproveitadas nesse produto, como ocorreu há não muito tempo", avalia Mauro Calil, do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil.
De qualquer forma, os investidores sempre devem comparar e tentar compreender qual aplicação financeira pode ser mais vantajosa para seu perfil e para o montante de recursos de que dispõem para aplicar.
Cada vez mais os brasileiros estão buscando os fundos multimercados, que ficam entre as aplicações que pagam juros -como CDB e renda fixa- e o mercado de ações. Os multimercados têm como particularidade poderem mesclar ações com títulos que rendem juros. Assim, aproveitam as altas da Bolsa e elevam as chances de render mais do que a renda fixa. Todavia, passam a carregar também maiores riscos de perdas, característicos das ações.
O patrimônio dos multimercados cresceu aproximadamente 35% neste ano, alcançando inéditos R$ 330 bilhões.
Em expansão
Enquanto o mercado de CDBs esfria, uma nova modalidade desse tipo de aplicação tem ganhado espaço. Chamada de CDB escalonado, essa aplicação oferece taxas crescentes a quem decide manter seus investimentos inalterados por mais tempo. O estoque da modalidade escalonado saltou de menos de R$ 50 milhões em janeiro para mais de R$ 2 bilhões em novembro. Mas esse tipo de CDB só será mais vantajoso que o formato tradicional se o investidor mantiver a mesma aplicação por períodos longos.
Normalmente, essas aplicações têm vencimento em três ou quatro anos e os retornos costumam aumentar apenas a cada seis meses.
Se um escalonado alcançar taxa de 95% do CDI no final de três anos, é provável que o investidor que ficar menos de um ano obtenha retorno inferior ao pago em um CDB convencional com prazo de seis meses.
"O escalonado é um produto interessante. O problema é que, para ser mais vantajoso que o convencional, a pessoa tem de estar disposta a permanecer na aplicação por um período mais longo de tempo", afirma o professor Mauro Halfeld.
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