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Alta da Selic deve desacelerar economia no 2º semestre
Para economista, crescimento poderia chegar a 7% este ano, mas elevação da taxa de juro vai reduzi-lo a 6%
01/01/1970 00:00:00
Para economista, crescimento poderia chegar a 7% este ano, mas elevação da taxa de juro vai reduzi-lo a 6%
A elevação da taxa Selic, com início esperado para abril, deve desacelerar a economia brasileira principalmente a partir do segundo semestre do ano. A previsão é do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, ao programa AE Broadcast Ao Vivo, da Agência Estado. Para o analista, o crescimento da economia brasileira poderia chegar a 7% em 2010, mas a alta da Selic deverá trazer o Produto Interno Bruto (PIB) para um nível "mais razoável". Ele projeta avanço de 6% do PIB em 2010.
Vale prevê um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,7% neste ano, mas não descarta um avanço para 5%, números que ficam acima do centro da meta de inflação (4,5%). "Para ter um IPCA de 4,7%, no cenário muito ruim de inflação que estamos tendo no primeiro trimestre, o IPCA médio, a partir de abril, teria de ser de 0,3% a cada mês. Acho difícil isso acontecer", acrescentou. O analista avalia que os principais riscos à inflação neste ano derivam da demanda doméstica. Para o economista, a taxa Selic começará a subir em abril, com alta de 0,5 ponto porcentual. Até o fim do ano, prevê o analista, a taxa Selic deve subir 0,25 ponto, ante a atual de 8,75%.
Com essa elevação esperada do juro, uma trajetória de desaceleração também pode ocorrer com a criação de empregos formais no País. Vale considera que "não seria difícil" a concretização da meta do governo de 2 milhões de novas vagas formais em 2010. Mas, do mesmo modo que deve haver perda de velocidade no ritmo de crescimento econômico, a possibilidade de não ocorrer tal elevação na quantidade de postos de trabalho também reside na condução da política monetária.
O aperto do juro ainda deverá atuar bastante na desaceleração da economia em direção a 2011, "trazendo a inflação para mais próximo (do centro) da meta", ponderou. Para Vale, a expectativa de inflação para 2011 coletada na pesquisa Focus, conduzida pelo BC, continua ancorada pela percepção dos agentes do mercado relacionada à possibilidade de o BC ser "veemente na sua política, começando a fazer o aumento do juro em um momento em que achar adequado".
Com a alta projetada para a Selic, Vale acredita que a economia vai desacelerar, mas não enfrentará o risco dos voos de galinha extremos como no passado, de crescimento muito forte em um ano e desaceleração intensa no seguinte. "Esse risco passou. Com pequenos ajustes na política monetária, mantém-se a inflação na meta sem acelerar tanto a economia."
As estimativas para o próximo ano têm por base a manutenção das políticas econômicas pela próxima administração federal. Vale avalia que não haverá um "cavalo de pau" nas políticas monetária e cambial. "Não há franco-atiradores na disputa presidencial."
FIPE
Ontem, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgou que o IPC avançou 1,09% na segunda quadrissemana de fevereiro, em comparação com 1,28% da quadrissemana anterior. O IPC-S, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), subiu 1,04% na quadrissemana encerrada em 15 de fevereiro, abaixo do 1,33% da quadrissemana até 7 de fevereiro.
Essa desaceleração nos dados de inflação era esperada, mas não significa que não existam perigos adicionais nesta arena, pondera Vale. "Não concordo muito quando se fala que a questão da inflação agora é só um problema sazonal."
O analista observa que os itens ligados à educação apresentaram peso relativamente forte no início do ano e começam a desacelerar. Para os próximos meses, no entanto, Vale acrescenta que todas as indicações relativas à demanda no País, principalmente dados contidos nos núcleos dos índices, mostram que as pressões para a inflação vão além da questão sazonal do início de ano.
Para o economista, o componente alimentos não está entre os itens de preocupação. Vale lembra que, no início do ano, este item mostra volatilidade por causa do período de chuvas. Depois de março, a expectativa é que os preços de alimentos mostrem desaceleração maior do que deve vir em fevereiro.
Segundo ele, são preocupantes para o cenário de inflação no País os itens ligados à demanda doméstica, como o setor de serviços, que tem "tendência de aceleração importante neste ano". Outro risco está ligado à taxa de câmbio. "A taxa de câmbio em um cenário de economia forte e de depreciação pode ser preocupante para a inflação. O BC terá de olhar com carinho a questão da demanda e do câmbio este ano", completa.
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