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Reaquecimento da economia provoca 'leilão' de executivos
O mercado está aquecido, e as empresas temem não achar alguém para substituí-los no curto prazo, ou não encontrar alguém com o mesmo salário
01/01/1970 00:00:00
Sintoma do reaquecimento da economia e da procura crescente por líderes no mercado, executivos têm sido "leiloados" pelas empresas. Segundo levantamento da Robert Half, consultoria em recrutamento especializado, a prática da contraproposta quando o executivo informa que pretende sair da empresa tem se intensificado neste período pós-crise.
A pesquisa consultou 646 executivos e 303 empresas em janeiro e mostra que 69% dos que pediram demissão receberam contrapropostas. E 69% das empresas admitem que tentaram impedir a saída do executivo oferecendo aumento de salário, promoção ou benefícios.
"O mercado está aquecido, e as empresas temem não achar alguém para substituí-los no curto prazo, ou não encontrar alguém com o mesmo salário", explica Fernando Mantovani, diretor de operações da Robert Half. Conforme a sondagem, em 62% dos casos, manter um profissional que já conhece o negócio ou evitar custos altos de recolocação de outro executivo são as justificativas para a contraproposta.
"A gente sente que, à medida que o mercado se aquece, isso piora e deve se acentuar", afirma Mantovani. Ele usa o termo "piora" porque, apesar de valorizar o passe do executivo, a prática da contraproposta não é bem vista. "Na verdade, as empresas prejudicam a si mesmas", diz.
Isso porque, segundo ele, oferecer aumento para reter alguém pode provocar um problema de clima na empresa. "Causa descontentamento na equipe. Essas notícias correm. E muitas vezes o profissional está desmotivado e depois ele acaba sendo fonte de problema."
Paulo Kretly, presidente da Franklin Covey, está de acordo. Para ele, se o executivo não está feliz na empresa e procurou uma oportunidade fora, ao aceitar a contraproposta, ele não vai trazer o retorno esperado. "Ele não vai produzir o que a empresa espera, vai ser um perde-perde."
Quando há descontentamento, a tendência é não aceitar a contraproposta. No entanto, ela pode ser tentadora. "Receber 10%, 20%, 30% a mais mexe com qualquer um." Dos 7% que admitiram ter aceitado uma contraproposta, 40% disseram que foi por causa do salário, ou pela promoção (29%).
Porém, se o executivo está feliz no trabalho e é assediado pelo mercado, a prática pode ser positiva, avalia Kretly. "É hora de fazer a contra se ele foi sondado e não estava buscando mudar de ares, ou ter outros desafios."
O que não pode ocorrer é o executivo aceitar a proposta para sair e depois voltar atrás. "Depois que ele aceitou, se voltar atrás, a empresa que fez a proposta vai se sentir totalmente usada. E esse executivo fica queimado também com o headhunter", afirma.
Segundo Marcelo de Lucca, diretor da consultoria de recrutamento e seleção Michael Page no Brasil, para evitar esse tipo de mal-estar, antes de procurar oportunidades fora, o executivo tem de refletir sobre os fatores que o fazem querer sair da empresa e tentar resolvê-los primeiro dentro. "Ele tem de fazer uma tentativa na empresa atual antes. Se for questão de remuneração, ele tem de falar com o chefe sobre o assunto. Se quer participar de um novo projeto, tem de se alinhar com a empresa", explica.
ARREPENDIMENTO
O índice de arrependimento entre executivos que aceitam a contraproposta é de 36%. Os principais motivos relatados são: os problemas da empresa continuaram (37%) e o empregador não cumpriu as promessas (26%). Entre as empresas, 22% se arrependeram. A maioria porque a contraproposta provocou a sensação de desprestígio entre os outros membros da equipe (33%), ou o próprio executivo pediu demissão em seguida (25%).
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