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Antecipar o pagamento das prestações do carro nem sempre vale a pena
O motivo é simples: o desconto pela antecipação é muito baixo, segundo especialistas em finanças pessoais.
01/01/1970 00:00:00
Antecipar o pagamento das prestações do financiamento do carro com taxa menor de 2% ao mês não é tão vantajoso quanto parece. O motivo é simples: o desconto pela antecipação é muito baixo, segundo especialistas em finanças pessoais.
Depois da recente explosão do crédito no Brasil e dos subsídios do governo à indústria automobilística, as taxas de juros do empréstimo para a compra do carro estabilizaram-se entre 1,5% e 2,2% ao mês. "Tudo depende do que foi negociado com o banco. É preciso analisar as situações isoladamente", diz José Carlos Polidoro, professor de finanças pessoais da Universidade Anhembi Morumbi.
O porcentual do juro mensal do empréstimo, no entanto, não é equivalente ao desconto oferecido pelos bancos na hora da antecipação, uma vez que há uma série de outros impostos incluídos no crédito que não podem ser descontados (como o Imposto sobre Operações Financeiras - IOF).
Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper, indica, para não haver confusão, que o cliente entre em contato com o banco e peça que seja feito o cálculo do desconto. "Se eu quitar antecipado, quanto vou pagar? Essa é a questão que deve ser feita ao banco."
Teoricamente, o porcentual oferecido de desconto pode ser obtido em investimentos como ações e algumas modalidades de renda fixa, como o Tesouro Direto. O que transforma o investimento em algo mais vantajoso do que a quitação do empréstimo. "O alívio psicológico de antecipar a quitação é tremendo. Mas essa é uma questão matemática", diz André Massaro, especialista em finanças pessoais.
Impostos. Também é de extrema relevância descontar os impostos e taxas cobradas no investimento para conseguir o valor líquido. "Em um fundo de renda fixa, por exemplo, há imposto de renda e a taxa de administração", diz Polidoro.
No Tesouro Direito, lembra Rocha, do Insper, o imposto de renda é regressivo e há uma pequena taxa de custódia. Nas ações, há a taxa de corretagem e também a de custódia. A caderneta é a que tem menor incidência de imposto.
O mineiro Fernando Marchezini, analista de sistemas de 33 anos, antes de tomar uma decisão sobre seus investimentos e sobre o financiamento do carro, colocou os números na ponta do lápis para descobrir o que era mais vantajoso. "Todo mundo sempre fala que é melhor quitar as prestações o mais rápido possível. Em vez de escutar os outros, decidi fazer as contas", conta Marchezini, que relata sua rotina financeira em um blog chamado "Investidor Defensivo".
O jovem comprou um Peugeot modelo 206 em 36 vezes. O valor equivalente às 18 parcelas restantes está disponível em seus investimentos. "Mantenho 50% dos meus recursos em renda fixa, como Tesouro Direto e um plano de previdência. Os outros 50% eu deixo em ações. Gosto de ETFs porque diversificam a carteira sem muito trabalho", comenta.
Colocando "na ponta do lápis", como ele mesmo insiste, a conclusão de Marchezini foi manter os investimentos e pagar as prestações com o salário do mês. "Como tenho feito desde sempre." Na situação dele, a remuneração do investimento é maior que o porcentual do desconto. "E creio que consigo manter e até aumentar a remuneração obtida nos últimos anos."
Rocha, do Insper, lembra que obter mais de 1% de remuneração em um investimento necessariamente envolve operações de risco. "Como ações", explica. "No Tesouro Direto, dependendo do título, é possível obter até 0,8% ao mês de remuneração", completa.
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