Lote é formado por 221 mil restituições, distribuídas entre contribuintes prioritários e não prioritários; o valor total do crédito é de R$ 558,8 milhões
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Futuro do parcelamento sem juros é uma incógnita, diz Campos Neto
Em palestra realizada na ACSP, presidente do Banco Central (de azul) disse que o tema está em estudo pela instituição, embora as taxas de inadimplência tenham deixado de ser preocupantes
01/01/1970 00:00:00
Um dos assuntos mais difíceis de serem enfrentados pelo Banco Central, a manutenção do parcelamento sem juros nos moldes atuais, que é vital para o comércio, ainda está sendo analisada pela instituição.
“É um assunto de difícil solução, compreensão e análise. Ainda não encontramos uma resolução para o médio e longo prazos”, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em palestra realizada na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), sob a coordenação do Conselho Político e Social (Cops).
O problema começou, lembrou o dirigente, com a alta preocupante dos juros do rotativo e da inadimplência. “Identificamos na época que, em alguns casos, a inadimplência chegou a 60%, o que é inadmissível para a sobrevivência de qualquer produto financeiro”, pontuou.
Nas análises feitas pelo BC, o aumento da inadimplência veio acompanhado pelo aumento do bolo do parcelamento sem juros, excesso no número de emissões de cartões de crédito, inclusive por empresas do varejo, e aumento do limite nos cartões para as pessoas que já estavam endividadas.
“O parcelamento sem juros não é a causa principal, mas faz parte do problema”, disse.
Hoje, de acordo com Campos Neto, os índices de inadimplência e do endividamento saíram um pouco do radar do BC, em parte por conta da aprovação do projeto no Congresso que prevê que o montante dos juros não pode superar o valor principal da dívida.
“Esse tema (parcelamento sem juros) é muito complexo, envolve vários atores, como o comércio e empresas emissoras de cartões, e requer debates e estudos para uma solução mais equilibrada. E a queda da inadimplência verificada no momento é um bom sinal para solucionarmos essa questão”, resumiu.
Durante a palestra, Campos Neto reforçou que a educação financeira é um importante instrumento para reduzir o endividamento no Brasil e integra a agenda do BC. “Temos avançado muito nessa agenda. Por meio de um programa desenvolvido nas escolas, conseguimos alcançar 2 milhões de crianças”, informou.
AUTONOMIA DO BC
Questionado sobre o tema atual da ampliação da autonomia do Banco Central, prevista em PEC em tramitação no Congresso, Campos Neto, cujo mandato termina no final do ano, não quis entrar em detalhes por se tratar de um tema técnico, mas sinalizou ser um caminho natural e importante para o fortalecimento da instituição.
“Hoje, 90% dos bancos centrais no mundo com autonomia operacional têm autonomia financeira”, informou. Para Campos Neto, autonomia financeira é importante para que a instituição avance na área tecnológica e continue a oferecer serviços de qualidade para a sociedade.
Para o presidente do BC, o diálogo com o Congresso e o Executivo em relação ao tema deve ser tranquilo. “Se bem explicado e compreendido, o assunto deve avançar sem percalços”, reforçou.
Sobre a agenda tecnológica da instituição, Campos Neto citou a criação do Pix, que saiu do papel durante a pandemia, como uma das mais importantes inovações na sua gestão.
Hoje, mais de 200 milhões de negócios por dia são fechados por meio dessa forma de pagamento, que também impulsionou o processo de bancarização no Brasil, com o surgimento de 10 milhões de novas contas.
ECONOMIA NO MUNDO
Ao traçar um panorama da economia mundial, o presidente do BC mostrou-se preocupado com os Estados Unidos, que acumula uma dívida pública considerável e têm promovido reduções nas taxas de juros em patamares muito abaixo do esperado.
“Os países desenvolvidos gastaram muito para minimizar os efeitos da pandemia, cerca de 20% do PIB. No caso dos EUA, houve aumento da dívida e do seu custo”, explicou. Apesar disso, ponderou, os mercados estão comportados, pois o crescimento está acima das expectativas, como ocorre no Brasil.
Em relação à China, que promove uma mudança no seu modelo de crescimento, agora baseado no consumo, explicou que os economistas têm tido dificuldade para entender as razões para a queda de preço das vendas de imóveis, importante fonte de riqueza das famílias, que não tem sido acompanhada pelo recuo dos preços desses bens.
“Em qualquer país do mundo, onde as vendas caem mais de 30% e os investimentos, em 60%, é difícil entender que o preço dos imóveis não seja alterado”, explicou. De acordo com Campos Neto, se a queda de preços se concretizar, os chineses vão consumir menos.
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