Até lá, o contribuinte ainda tem a chance de quitar com vantagens as dívidas tributárias em contencioso administrativo fiscal igual ou inferior a R$ 50 milhões por processo
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Raimundo Colombo quer obrigar a Receita a comunicar aos contribuintes a retenção da declaração do IR na "malha fina"
A Secretaria da Receita Federal deverá sempre comunicar aos contribuintes quando sua declaração do Imposto de Renda for selecionada para exame na chamada "malha fina",
01/01/1970 00:00:00
A Secretaria da Receita Federal deverá sempre comunicar aos contribuintes quando sua declaração do Imposto de Renda for selecionada para exame na chamada "malha fina", por critérios genéricos de revisão em massa, aplicados por sistemas informatizados. É o que estabelece recente projeto (PLS 493/08) do senador Raimundo Colombo (DEM-SC), que pretende, dessa forma, evitar que o contribuinte venha até mesmo a receber multas sem ter tido a oportunidade de sanar as dúvidas que decorrem de simples e automático cruzamento com declaração de outro contribuinte ou informação de cadastro de terceiras pessoas.
Para evitar embaraços ao contribuinte, o senador propõe que a comunicação expedida pela Receita conterá o motivo da retenção da declaração e prazo para os esclarecimentos ou retificação.A proposta (PLS 493/08), ainda sem relator designado, será examinada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde receberá decisão terminativa.
- A ideia é proteger o contribuinte, que fica quase prisioneiro da Receita. É muito desagradável cair na malha fina e não sabendo o porquê, o que vai acontecer. É importante dizer que a grande maioria dos brasileiros é composta de pessoas honestas - salientou o autor da proposta, em entrevista à Rádio Senado.
O termo "malha fina" ficou popularizado como designação de processo mais meticuloso de exame que a Receita aplica para as declarações com erros de informação ou que estão sob suspeita de fraudes. Ficar preso na "malha fina" representa ficar em lista de espera do pagamento da restituição, nos chamados lotes residuais, depois do prazo regular das restituições.
Raimundo Colombo observa que, em decorrência da filtragem automática e do cruzamento de informações com declarações de terceiros, as pessoas ficam retidas na malha sem nada dever à Receita. É o que ocorreria eventualmente, por exemplo, com alguém que declara uma despesa médica e o profissional que prestou o serviço deixa de informar que recebeu o pagamento. Por isso, afirma, o contribuinte tem de ser informado e precisa de tempo para prestar os esclarecimentos, antes de receber multas.
Legislação ultrapassada
O senador lembra que a legislação que trata da retenção de declarações de renda é um decreto de quase 67 anos (o Decreto-Lei 5.844, de 1942). Foi editado, como diz, em época em que todos os procedimentos burocráticos eram feito manualmente, em máquinas datilográficas. Hoje, no entanto, com todas as facilidades oferecidas pela tecnologia, ele avalia que já não existe qualquer razão para a Receita deixar de informar rapidamente os contribuintes sobre qualquer problema em sua declaração.
- É algo simples de se fazer, a Receita tem todos os mecanismos, mas ainda é difícil o contribuinte lutar contra a burocracia ou contraditar o Estado. As pessoas são tratadas como mais uma na multidão - comenta.
Raimundo Colombo critica a complexidade e a burocracia do sistema tributário nacional. Além disso, ele afirma que os brasileiros estão entre os cidadãos que mais pagam impostos no mundo, sem o devido retorno em serviços. Em sua opinião, o sistema está "de costas para as pessoas mais pobres".
Um dos grandes defeitos do modelo, conforme o senador, decorre do elevado grau de concentração das receitas, com o governo federal ficando com 65% de toda a arrecadação e os estados com 22%, enquanto os municípios, no seu entendimento mais próximos das pessoas e mais eficazes na prestação dos serviços, em sua maioria, detém apenas 13%.
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