Alta das taxas cobradas nas operações com cartão de crédito rotativo, e com o cheque especial, acontecem em um cenário de elevação da taxa básica da economia - que voltou a subir no mês passado, atingindo 10,75% ao ano. Dados foram divulgados pelo BC
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Copom se reúne nesta quarta, e mercado prevê que será a última manutenção da Selic a 13,75%
Indicadores econômicos divulgados recentemente consolidaram a percepção de que em agosto a taxa básica de juros começará a cair. Governo vem defendendo que o BC comece a baixar os juros.
01/01/1970 00:00:00
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (21) e deve manter a taxa básica de juros estável em 13,75% ao ano, de acordo com estimativa dos economistas das instituições financeiras. A decisão será anunciada por volta das 18h30.
A expectativa do mercado financeiro, divulgada nesta semana, é de que essa seja a última reunião que vai manter da taxa básica da economia no atual patamar. A previsão é de que o BC inicie um ciclo de corte dos juros a partir de agosto, quando a Selic recuaria para 13,50% ao ano.
A previsão anterior dos analistas era de que o início do processo de redução dos juros, pelo BC, aconteceria somente em meados de setembro. Para o fim de 2023, o mercado financeiro já projeta um juro básico de 12,25% ao ano.
Projeção do mercado para a Selic até o fim do ano
% ao ano
13,7513,7513,513,513,2513,2512,7512,7512,2512,2520 e 21 de junho1º e 2 de agosto19 e 20 de setembro31 de outubro e 1º de novembro12 e 13 de dezembro051015
19 e 20 de setembro
13,25
As atenções do mercado estarão centradas no comunicado que será divulgado após o encontro desta quarta e, também, na ata da reunião, que sairá na terça-feira da próxima semana. Os documentos detalharão o que foi discutido pelos diretores e presidente do BC na definição do juro.
Ao escrutinar os documentos do Copom, os analistas estarão atrás de pistas que confirmem sua percepção de que os juros começarão a recuar, de fato, em agosto - conforme as previsões.
Na última ata do Copom, da reunião realizada em maio, o BC ainda avaliava que a pressão inflacionária ao consumidor continuava "elevada" e que as expectativas de inflação para os próximos anos seguiam "desancoradas" (acima das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional). E dizia que era necessário "serenidade e paciência" na definição do juro para tentar cumprir as metas.
- Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
- Na semana passada, os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação deste ano, de 5,42% para 5,12%, e passaram a projetar uma inflação de 4% para 2024.
- A meta de inflação do próximo ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
"Acreditamos que a comunicação será ajustada para incorporar a melhoria recente nas perspectivas de inflação. Ao mesmo tempo, como as projeções de inflação continuarão acima da meta, o comitê tende a manter a “guarda alta”, sem se comprometer com a próxima decisão", avaliaram economistas da XP, em análise divulgada.
Cenário melhor
Dois indicadores divulgados recentemente levaram o mercado financeiro a projetar, para agosto, o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros: o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano e a inflação de maio.
No caso do PIB, foi registrada uma expansão de 1,9% nos três primeiros meses desse ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O resultado foi impulsionado, principalmente, pela agropecuária, que teve uma alta de 21,6% no período.
Com o crescimento do PIB focado na oferta de produtos, principalmente agropecuários, e não na demanda (aumento de aquisição por produtos e serviços), a avaliação é de que há um cenário mais favorável para a queda dos juros.
"Por falar no PIB do 1º trimestre, a sua composição não poderia ser melhor para a política monetária [definição do juro para conter a inflação], pouca demanda e um choque positivo vindo de uma safra recorde, que já impacta a inflação corrente via preço dos alimentos", avaliou Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners.
Ao mesmo tempo, o resultado do IPCA de maio, que somou 0,23%, consolidou a interpretação de que o corte de juros estaria mais próximo. Em doze meses até maio, a inflação oficial chegou a 3,94%. Os números vieram bem abaixo das estimativas do mercado financeiro. E o índice de difusão da inflação caiu de 66% para 56%, o menor nível desde agosto de 2020.
Pressão de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central a iniciar o processo de redução da taxa básica de juros da economia, e critica o efeito de juros altos sobre o crescimento da economia e a geração de empregos.
Em 1º de maio, no Dia do Trabalho, por exemplo, Lula associou o patamar atual da Selic ao desemprego e disse que a taxa de juros é parcialmente "responsável" pela situação do país.
"A gente não poder viver mais em um país aonde a taxa de juros não controla a inflação, ela controla, na verdade, o desemprego nesse país porque ela é responsável por uma parte da situação que nós vivemos hoje", disse Lula, na ocasião.
Nesta segunda-feira (19), em transmissão pela internet, Lula voltou a pressionar pela queda de juros.
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