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BC diz que não hesitará em elevar juros se julgar apropriado e vê mais riscos de alta da inflação
Membros do Copom concordaram que há mais riscos para cima na inflação
01/01/1970 00:00:00
O Banco Central incorporou em sua comunicação a mensagem de que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e afirmou que o momento exige cautela ainda maior e acompanhamento diligente dos fatores que impactam os preços, como o dólar.
No documento divulgado nesta terça-feira, a autoridade monetária enfatizou que o desenrolar do cenário será particularmente importante para definir os próximos passos na condução dos juros, não sendo possível se comprometer com indicações futuras para a política monetária.
“O Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, disse o BC.
Na ata, a autarquia também informou que, na avaliação de fatores que podem pressionar os preços à frente, todos os membros do Copom concordaram que há mais riscos para cima na inflação, “inclusive com vários membros enfatizando a assimetria do balanço”.
A mensagem dá um passo adicional ao comunicado da semana passada, que havia incluído um fator a mais entre os riscos de alta dos preços, mas afirmava que permanecem fatores em ambas as direções, sem dar detalhes.
Na avaliação da economista para Brasil do BNP Paribas Laiz Carvalho, a ata foi bem mais dura que o comunicado da semana passada, com destaque para os dois cenários em avaliação pelo BC, um de manutenção da Selic no mesmo patamar e também a possibilidade de elevar a taxa se necessário. “Houve um endurecimento de várias falas”, disse. “É a primeira vez que o BC está falando efetivamente que pode subir (os juros), e o mais importante é que é unânime.”
O BC interrompeu em junho deste ano o ciclo de cortes na Selic que vinha implementando desde agosto de 2023, em meio à ampliação de incertezas domésticas e externas e um persistente processo de desancoragem das expectativas do mercado para a inflação. Na última quarta, o Copom manteve a Selic em 10,50% ao ano e pediu cautela, citando também que a percepção do mercado sobre o cenário fiscal tem impactado preços de ativos e expectativas.
Inflação e câmbio
Na ata, o BC afirmou que movimentos recentes de alguns dos condicionantes para a dinâmica dos preços, tais como as expectativas de inflação e a taxa de câmbio, foram amplamente debatidos pelo colegiado na reunião.
“Observou-se que, se tais movimentos se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários decorrentes podem ser relevantes e serão devidamente incorporados pelo Comitê”, afirmou.
“O Comitê, unanimemente, avalia que o momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras”, disse a autarquia na ata.
A taxa de câmbio usada pelo BC em seu cenário de referência passou de 5,30 reais por dólar na reunião de junho para 5,55 reais no encontro da semana passada, fator que gera pressão inflacionária. Na manhã desta quarta, a moeda norte-americana operava em patamar ainda mais alto, de 5,72 reais.
Segundo o BC, se observa um fenômeno global de aversão ao risco, com impacto sobre o câmbio de países emergentes, que registrou depreciação no período recente.
A autoridade monetária acrescentou, porém, que não há relação mecânica entra o câmbio e a determinação doméstica da taxa de juros, com foco sendo dado nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a inflação no país.
O BC afirmou ainda que a economia e o mercado de trabalho no Brasil seguem mais dinâmicos que o esperado, em um momento com o hiato do produto próximo à neutralidade (quando a atividade se aproxima de sua capacidade máxima), “tornando mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta”.
De acordo com o documento, o Copom não se furtará ao seu compromisso com o atingimento da meta de inflação e entende o “papel fundamental” das expectativas na dinâmica da inflação.
A meta de inflação no Brasil é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, e as atuais projeções do BC estão acima do centro da meta “mesmo condicionadas em uma trajetória de taxa de juros mais elevada”.
“A condução da política monetária é um fator fundamental para a reancoragem das expectativas e continuará tomando decisões que salvaguardem a credibilidade e, consequentemente, reduzam o custo da desinflação”, afirmou.
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